20.12.09

O que digo é que..

Escrevo cartas em branco e meto-as no correio com o destinatário ausente e quando as recebo invento sentimentos nelas depositadas para me sentir amado. No meu quarto não caminho sozinho mas só eu vejo os passos dos outros. Falamos e conversamos, por vezes existem diálogos. Costuma saltar à corda e fazer jogos de palavras, no entanto a minha mãe parece não reparar no barulho da sua respiração ofegante que me embacia o espelho, fica turvo e indistinto. A luz da penumbra atravessa a janela e cria na minha cabeça um certo ambiente de estufa. O jardineiro já não a visita há meses e as flores do seu externo interior já murcharam há muito com a chuva ácida que corre cá dentro sem sarjeta para onde ir afogando-me a alma numa solução ácido base onde tu tentas equilibrar o pH.

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